Metabolismo da glutamina e seus efeitos sobre a resposta imunológica
A glutamina é o aminoácido livre mais abundante no corpo. A primeira descrição sobre a importância da glutamina foi feita por Ehrensvard et al., que descreveu a relevância da glutamina para a sobrevivência e proliferação celular.
Contudo, uma descrição mais detalhada sobre as ações da glutamina foi feita por Eagle et al. 1966. No nível mais básico, o suplemento atua como um importante combustível nas células, nos tecidos e uma alta taxa de captação de glutamina, característica de células que se dividem rapidamente como enterócitos, fibroblastos e linfócitos. As enzimas mais importantes relacionadas com o metabolismo da glutamina são: glutamina sintetase e glutaminase. A sintetase catalisa a conversão do glutamato em glutamina usando amônia como fonte de nitrogênio.
A glutamina está envolvida em várias vias bioquímicas. Algumas fornecem substrato energético, servindo como precursor da síntese de aminoácidos, doador de nitrogênio na formação de ácidos nucleicos, auxiliando na síntese de proteínas intracelulares e atuando como contribuição essencial para o equilíbrio ácido-base. O músculo esquelético é o principal tecido responsável pela síntese de glutamina no corpo.
A síntese de glutamina no músculo esquelético não só preserva a massa magra, mas também mantém a concentração plasmática de glutamina no corpo. Nas células epiteliais intestinais, o suplemento é quantitativamente o combustível mais importante. Durante muitos anos, o intestino foi investigado apenas como um órgão de digestão, absorção de nutrientes e fermentação. Contudo, sabe-se agora que o intestino é um órgão complexo que desempenha uma diversidade de funções fisiológicas críticas.
Além de servir como um órgão principal para a digestão e absorção de nutrientes, a camada única de epitélio que reveste o trato gastrointestinal cria uma barreira seletiva para evitar a transferência de agentes prejudiciais, como toxinas, alérgenos e patógenos para a circulação sanguínea sistêmica. Todo o trato gastrointestinal extrai cerca de 20% da glutamina pós-absortiva circulante e mais de 90% da glutamina extraída pelo intestino delgado é metabolizada pelas células da mucosa.
A alta capacidade de absorção na região apical dos enterócitos é a razão pela qual estas células captam a prioridade da glutamina a partir do lúmen e, aparentemente, quase toda a glutamina contida na dieta é utilizada pelos enterócitos. As medidas do metabolismo intestinal da glutamina também mostraram que o suplemente é o precursor de uma série de importantes vias metabólicas, especialmente aquelas que levam à síntese de ornitina, citrulina, prolina e arginina.
No fígado, o metabolismo da glutamina é importante na regulação do ciclo da ureia, desintoxicação da amônia e manutenção do pH. Estudos têm destacado a importância do metabolismo hepático da glutamina na encefalopatia hepática e câncer. A glutamina é tipicamente incluída na lista de “imunonutrientes” que possuem efeitos biológicos. Ela é um combustível principal para muitas células, incluindo linfócitos, macrófagos, fibroblastos em cultura. Ogle et ai., verificaram que nas células de pacientes queimados, a adição de glutamina nos neutrófilos melhorou a função bactericida dos neutrófilos.
Com ela, os neutrófilos foram mais capazes de matar Staphylococcus aureus. A adição de glutamina resultou na restauração da função celular para níveis normais. Entre esses e vários outros estudos, a suplementação de glutamina leva a uma série de reações e efeitos moduladores de processos em diferentes organismos.
Embora muitos estudos tenham revelado e avaliado os efeitos da glutamina em numerosos processos biológicos, estudos adicionais são necessários para fornecer informações sobre o uso seguro e dose de suplementação em pacientes.
Na Clínica Laboral você conta com a orientação da profissional Luciane Vieira, especialista em nutrição esportiva (CRN3 SP 23199).