Corro porque tenho medo ou tenho medo porque corro?
O medo pode ser considerado uma reação fisiológica inerente aos seres humanos, que envolve as amígdalas corticais, glândulas endócrinas, neurotransmissores, regiões do telencéfalo etc. bastante importante e protetiva, pois quem não tem medo se expõe e se machuca mais, mas o sentimento do medo é historicamente construído.
Acredito que o ser humano se constrói nas relações sociais e que a forma como somos capazes de nos relacionar vai esculpindo nossos sentimentos, ou seja, cada um de nós ensina a si mesmo como ser e o que sentir a partir dos relacionamentos que estabelece.
Isso significa que podemos mudar, sempre, ufa! E também que somos responsáveis pelo que nos acontece, ai ai!
Na indagação “Corro porque tenho medo ou tenho medo porque corro?” estamos questionando exatamente se acreditamos que: corremos, ou fugimos de uma situação, em consequência do medo que já é nosso, ou se ao fugirmos, de situações amedrontadoras, nos transformamos em medrosos.
Independentemente das profundas discussões teóricas em psicologia sobre o tema, eu prefiro entender ambas como constituintes do mesmo processo. A vida é uma rede incomensurável de fatores que refletem em nossa percepção sobre o que é certo e o que é errado, pois bem, como estar sempre certo, como atuar assertivamente o tempo todo, como se destacar positivamente nos mais variados ambientes?
Pensemos em práticas esportivas. O medo para praticantes de esportes pode ser protetivo, como disse no início, ou paralisante. Já assistimos ‘crises nervosas’ capazes de nos fazer perder títulos mundiais, medalhas, taças, troféus, em diferentes modalidades.
As emoções e os sentimentos dos atletas envolvem diversas condições internas e externas relacionadas a sua própria vida e história, seu momento atual, passado e expectativas futuras.
Temos também as características próprias da modalidade e imposições da prática, materiais e métodos, relações com os familiares, torcida, dentre outras. Até o tempo exigido de dedicação pode variar e causar diferentes reações.
Daí a importância do equilíbrio interno, da racionalidade emocional, de estar ciente ou consciente de quem somos e do queremos, ou seja a reflexão profunda sobre nós mesmos precede nosso sucesso ou fracasso.
Texto escrito por Alessandra Scapin, Psicóloga, graduada e licenciada; Mestra em Educação, pelo núcleo de Filosofias da Educação, na UNIMEP – Universidade Metodista de Piracicaba. Psicoterapeuta, Psicopedagoga e Terapeuta de casais. Avaliações escolares e laudos para cirurgia bariátrica e planejamento familiar.